Novo CD: Manno, Papalo e Dorinho dão vida musical a poemas de Marcos Martins
- acletras

- 19 de mar. de 2018
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Está mais perto do que longe o lançamento do CD que reúne Manno di Sousa, Papalo Monteiro e Dorinho Chaves cantando e tocando os poemas de Marcos Martins, poeta e presidente da Academia Conquistense de Letras. Gravadas no estúdio do também cantador Walter Lajes, o CD já foi mixado e está indo para a prensagem. Em resumo: em muito breve será possível saborear uma belíssima parceria poético-musical.

Foi o próprio Mano di Sousa quem contou ao Siga.News como se deu todo o processo
desde as primeiras notas até o resultado final. “Pegamos 19 poesias do livro dele e musicamos na hora, eu e Papalo. Dorinho musicou mais três e inseriu também neste CD. Vamos lançar este disco, ainda sem nome, mas a intenção parece ser entre Colhendo Flores e Elucidário, que são poesias dele, mas ainda não está definido”.

Para a empreitada musical, foram convidados nomes reconhecidos da música local, como Bazé, o rei da percussão, o sopro de Nei Sax o violino exuberante de Braguinha. “Viajamos em todos os estilos. Tem a belíssima Egopoesia, um baião lindo; temos Estação Madrugada, que é um reggaetime, uma coisa meio paulista; temos As Portas, um rock rural. Passeamos geral. Pegamos os nossos ritmos, o xote, o xaxado, o baião, um pouco de jaz também. O disco está pluralmente brasileiro, pluralmente nordestino”.

A voz do poeta
Marcos Martins, o poeta, celebra a experiência de ver sua obra cantada. “Papalo Monteiro, Manno de Sousa e Dorinho Chaves foram grandemente felizes nessa arte de unir a cadência poética com a musicalidade sonora. Quem tem bom gosto musical, certamente constará isso ao ouvi-los cantar”, celebra o poeta. Ele lembra do encontro que originou a parceria inédita.
“O projeto do disco nasceu de uma conversa minha com Dorinho, quando lhe relatei minha intenção de transformar poemas de minha autoria em músicas. Dorinho foi meu elo para a parceria com os demais compositores. Papalo, que já era meu amigo, e Manno. Pelo que eu soube, algumas musicas nasceram quase que instantaneamente no momento em que eles analisavam meu livro A Penumbra – Ensaios Poéticos. Fiquei extremamente feliz pelo resultado obtido. O trio já é de reconhecida competência e o resultado não poderia ser diferente. Confesso que eu não esperava um desfecho tão brilhante. Eles estão de parabéns”.
Numa rápida conversa pelo Whatsapp com o Siga.News, Marcos Martins respondeu a duas indagações sobre o projeto e sobre a poesia na sociedade.

Siga.News: Poeta, a música é um veículo importante para disseminar poesia?
Marcos Martins: Com certeza, a música é um veículo de extrema importância para disseminar a poesia dada a íntima proximidade entre ambas. Tão certo é isso, que, na antiguidade, a poesia era cantada e declamada em praças públicas, muitas vezes acompanhadas de apresentações teatrais. Não é sem razão que as letras das músicas dos grandes compositores modernos são verdadeiras obras poéticas. Veja os exemplos de Cartola a Fagner, passando por todos os movimentos musicais de menos de um século para cá, como a Bossa Nova, a Tropicália, o Clube da Esquina, Jovem Guarda, dentre outros. A poesia enriquece a música e vice-versa. É uma perfeita simbiose e deveria ser indissociável, apesar de não o ser.
Siga.News: Na sua visão, ainda há espaço para a poesia na sociedade ou o mercado está afugentando os poetas na medida em que a mídia e o mercado editorial fazem opções cada vez mais popularescas e de baixa qualidade quando o assunto é música e poesia?
Marcos Martins: Creio que a poesia jamais perderá espaço no meio popular. Talvez sofra influência de novos movimentos e das constantes mudanças sociais, mas não será destruída ou esquecida jamais. A poesia está na Bíblia e o livro de Salmos, um dos mais lidos das Escrituras, tem sido recitado, cantado e ensinado no meio cristão. Está também nas manifestações populares, sendo o Nordeste ainda um forte celeiro da poesia popular por meio da teimosia dos repentistas e cordelistas que ainda existem. É verdade que o mercado editorial tem preferido o caminho da lucratividade, pois até depende disso para sobreviver. Mas a poesia já resistiu a períodos ainda piores na história da humanidade. Não será agora, com a popularização dos meios de comunicação, que ela perderá espaço. Lamento apenas que o nível do que se lê, quando se lê, e do que se ouve tenha decrescido em muitos meios sociais. Mas há também uma parte dessa geração que sabe apreciar excelentes composições poéticas e musicais, e é através desse grupo que a arte vem sendo difundida e sobrevive. A arte é sempre mais forte do que a mediocridade, assim como o bem sempre supera o mal.
fonte: https://siga.news/2018/03/17/novo-cd-manno-papalo-e-dorinho-dao-vida-musical-a-poemas-de-marcos-martins/



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